quarta-feira, 9 de junho de 2010

Alimento orgânico é mais barato na feira

Segundo dados do Idec, supermercados cobram até 115,29% mais por produto sem agrotóxicos

O consumidor de produtos orgânicos que se preocupa não apenas com uma alimentação saudável, mas também com os preços, deve fazer compras nas feiras. Nas bancas de rua, é possível achar os mesmos itens por valores bem abaixo dos praticados por supermercados e empresas que entregam em domicílio.

Esta é a conclusão da pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), que verificou o custo de alimentos orgânicos nos três canais de vendas. O resultado foi uma variação de até 115,29% entre os preços cobrados pelas feiras especializadas neste tipo de alimento e pelos supermercados, como é o caso do tomate.

"As feiras são o canal preferencial de venda das frutas, verduras e legumes orgânicos", admite Ivo Gramkow, vice-presidente da Associação Brasileira de Orgânicos (BrasilBio). Segundo ele, o produtor costuma vender diretamente ao consumidor na feira - já que 70% dos orgânicos do Brasil são cultivados no modelo de agricultura familiar. "E, por não ter os custos de intermediação que existem em supermercados, os produtos tendem a ser mais baratos", diz.

Para a pesquisadora do Idec, Adriana Charoux, os supermercados cobram mais caro porque embutem uma margem de lucro excessiva nos orgânicos. "Como se trata de um tipo de alimento mais consumido por pessoas de maior poder aquisitivo, as empresas acabam apostando nesse nicho e aproveitam para cobrar mais", avalia Adriana. (...)

Martinho Paiva Moreira, vice-presidente de comunicação da Associação Paulista de Supermercados (Apas), conta que os orgânicos são mais caros nas grandes redes por conta dos custos de investigação de cada um dos produtores, e, assim, certificar se a produção é realmente orgânica. "A estrutura de verificação é mais cara", diz Moreira. "Porque o supermercado tem uma responsabilidade grande, não pode anunciar que o produto é orgânico se ele não for." (...)

Fonte:
Jornal da Tarde - SP, 21/4/2010.

- Confira a íntegra da matéria e os endereços das principais feiras orgânicas da cidade de São Paulo em: http://pratoslimpos .org.br/? p=965

Resíduos de agrotóxicos: o consumidor tem direito de saber o que come



Resíduos de agrotóxicos: o consumidor tem direito de saber o que come



Cenário preocupante sobre o uso de agrotóxicos no País foi retratado em mesa redonda promovida pelo Idec e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em São Paulo, na terça-feira, 13, por Reinaldo Skalisz, representante do Fórum Nacional de Entidades Civis de Defesa do Consumidor (FNECDC) e consultor da Associação de Defesa do Meio Ambiente de Araucária (Amar).

Funcionário aposentado da Secretaria da Agricultura do Paraná e com larga experiência na fiscalização do uso de agrotóxicos, Skalisz apontou que o número de ingredientes ativos aprovados para aplicação são muito mais numerosos do que os que são de fato monitorados. Isso sem falar na série de agrotóxicos que já foram banidos e continuam sendo detectados.

“O consumidor está vulnerável. Há muita informação que afeta diretamente sua saúde que não chega ao seu conhecimento” , disse. “Cabe ao consumidor exercer sua cidadania e cobrar pelos seus direitos e cabe ao governo criar meios que façam essa informação chegar de forma mais eficiente para o consumidor”, acrescentou Skalisz.

Daniela Macedo Jorge, especialista em regulação e vigilância sanitária da Gerência Geral de Toxicologia da Anvisa, apresentou dados do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos e Alimentos (PARA), revelando os altos índices de contaminação de alimentos que vêm sendo detectados ano a ano pelo programa. A especialista relacionou o alto volume de compras de agrotóxicos no país no primeiro trimestre de 2010 (cerca de R$60 milhões) com o excesso de resíduos do produto encontrado nos alimentos.

O uso indiscriminado de agrotóxicos afeta tanto a saúde humana, colocando em risco agricultores e consumidores, quanto o meio ambiente. Para a saúde, o veneno pode provocar desde náuseas, tonteiras, dores de cabeça ou alergias até lesões renais e hepáticas, cânceres, alterações genéticas etc.

A principal conclusão da mesa redonda foi a de que, além de fiscalização eficiente, é necessário garantir ao consumidor o acesso à informações claras sobre a qualidade e a segurança da comida que chega à sua mesa.

Extraído de:
Idec, 14/04/2010.

Transênicos NÃO!


Manifestação contra transgênicos em Madri reúne 15 mil

15 mil pessoas se manifestaram este mês em Madri, na Espanha, sob o lema “Por uma Alimentação e uma Agricultura Livre de Transgênicos”. Agricultores, ecologistas e consumidores de todo o estado foram à cidade exigindo do governo que siga o mesmo caminho tomado por países como a França, a Alemanha e a Áustria e proíba o cultivo de milho transgênico na Espanha.


A Espanha é o único país da União Europeia que cultiva transgênicos em grande escala. No ano passado foram 76 mil hectares cultivados com milho GM. Este cultivo se desenvolve sob uma absoluta falta de transparência e controle, com numerosos casos de contaminação de colheitas e alimentos.

Segundo os manifestantes, este é o semestre de Presidência da Espanha na União Europeia e o governo tem ainda mais responsabilidade para impulsionar um outro modelo de agricultura e alimentação. Apesar disso, quando a Comissão Europeia aprovou há poucas semanas o cultivo de uma batata transgênica, a Espanha foi um dos poucos países que apoiou a decisão.

Extraído de:
Amigos da Terra - Espanha.

Abafarão novamente a verdade???




Pesquisador que observou efeitos nocivos do glifosato é vetado em evento

Andrés Carrasco, o pesquisador argentino do CONICET (Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Tecnológicas - Argentina) que comprovou através de pesquisas com anfíbios efeitos nocivos à saúde provocados pelo glifosato -- princípio ativo do herbicida Roundup, da Monsanto, usado nas lavouras transgênicas Roundup Ready (ver Boletim 437) -- denunciou como ato de censura o veto à sua palestra prevista para a Feira do Livro 2010, na Argentina.

Em carta à presidenta do CONICET, a Dra. Marta Rovira, Carrasco sugere que o caso implique “censura de uma pesquisa científica realizada no país para bloquear sua difusão pública”, e o considera um “bloqueio que prejudica a liberdade acadêmica ao subordinar-se a interesses alheios à ciência, ao mesmo tempo em que é uma mensagem de disciplinamento para todos aqueles que tentem fazer uma crítica, desde o sentido da ciência, a critérios e políticas instituídas pelo poder econômico e seus porta-vozes. A Feira do Livro é um evento de marketing que acontece todos os anos no âmbito da Sociedade Rural Argentina.

Leia a íntegra da matéria publicada pela Argenpress.info e da carta enviada por Carrasco à Dr. Rovira em: http://www.argenpre ss.info/2010/ 04/argentina- fumiguen- la-ciencia. html

N.E.: Não é a primeira que um pesquisador que divulga dados sobre efeitos danosos de produtos das multinacionais do agronegócio é boicotado no meio científico. O primeiro caso -- e o mais famoso -- é o do pesquisador Arpad Pusztai, que em 1998 foi demitido do Instituto Rowett, um dos mais renomados da Grã-Bretanha, após divulgar efeitos do consumo de batatas transgênicas em ratos de laboratório. Aliás, não só foi demitido: sua equipe dissolvida, os documentos e computadores confiscados, e também foi proibido de falar com a imprensa. Em seu livro e documentário “O Mundo Segundo a Monsanto”, a jornalista francesa Marie-Monique Robin descreve com deta lhes este e outros casos.

Mandinga coorporativista....


O ISAAA (Serviço Internacional para Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia, na sigla em inglês) é uma ONG das empresas de biotecnologia que anualmente divulga um relatório apresentando dados sobre o cultivo de transgênicos em todo o mundo. Os dados são amplamente divulgados como verdadeiros pela imprensa nacional e internacional. Entretanto, como já dissemos no Boletim 478, a organização em geral não divulga suas fontes -- o que torna as informações questionáveis. O Brasil, por exemplo, não possui dados oficiais sobre a área plantada com transgênicos. Por que deveríamos su por que o ISAAA não superestimaria os números buscando atender os interesses da indústria?

A ONG estadunidense Food First publicou este mês um artigo justamente questionando os dados apresentados pelo ISAAA em seu último relatório. Confira abaixo a tradução feita pela AS-PTA:

--

A ciência da esperança: relatório do ISAAA sobre lavouras transgênicas

“O mundo em desenvolvimento abraça a controversa tecnologia”, declarou o título de um artigo recente da revista Economist, referindo-se às lavouras geneticamente modificadas. Esta é uma afirmação um tanto chocante a ser atribuída tão categoricamente ao mundo desenvolvido como um todo. Certamente deve estar fundamentada em um conjunto de dados provenientes pesquisa rigorosa e eticamente sólida...

O artigo apresenta o relatório recentemente divulgado pelo ISAAA. (...) Embora a Economist classifique o grupo como uma “organização não governamental que monitora o uso de sementes transgênicas”, o ISAAA é na verdade um grupo financiado pelas indústrias para exercer influência política, cuja missão é promover a adoção das sementes transgênicas em países em desenvolvimento. Entre os financiadores passados e atuais estão a Monsanto, Syngenta, Pioneer Hi-Bred, Cargill, Dow, DuPont, Bayer CropScience e CropLife International. Desde a divulgação do relatório “Situação Global& rdquo; em fevereiro último, as estatísticas do ISAAA já foram citadas em artigos do New York Times, Financial Times, Wall Street Journal e USA Today. Dos quatro, apenas o USA Today observa que o ISAAA é “financiado pela indústria de biotecnologia” .

E, enquanto a indústria, governos e a mídia continuamente citam as estatísticas do ISAAA, uma análise mais cuidadosa dos últimos relatórios revelaram números altamente exagerados baseados em ciência duvidosa. Por exemplo, a revista Science in Society relatou as seguintes discrepâncias:

- O relatório do ISAAA de 1998 alegava aumentos de produtividade da soja transgênica em relação à soja convencional da ordem de 12%. Entretanto, uma revisão dos resultados de mais de 8.200 testes de campo feitos em universidades mostraram uma redução média de 7% para a produtividade da soja transgênica.

- Em 2003, o ISAAA listou a Índia como um “produtor chave de transgênicos” baseado na primeira lavoura transgênica do país, o algodão Bt. De acordo com o ministério de agricultura da Índia, no entanto, em 2002/2003 “o algodão Bt cobriu uma área de apenas 38.038 hectares, representando apenas 0,51% da área plantada com algodão naquela safra. Em 2003/2004, safra que foi beneficiada por boas chuvas, a área de algodão Bt aumentou para 92.000 hectares. Esta área é quase insignificante comparada aos 9 milhões de hectares cultivados com algodão no país. Isto mostra a baixa aceitação do algodão Bt entre os agricultores.

- Analisando a produção de algodão transgênico na África do Sul em 2003, Aaron de Grassi, do Instituto para Estudos em Desenvolvimento da Universidade de Sussex, no Reino Unido, notou que os números do ISAAA eram 20 vezes maiores do que aqueles alegados por outras fontes da própria indústria de biotecnologia e mais de 30 vezes maiores do que aqueles oriundos de pesquisas acadêmicas realizadas pela Universidade de Reading, também no Reino Unido.

No relatório, o ISAAA atesta que as lavouras transgênicas na África do Sul têm sido um inconteste sucesso, com o total da área plantada com sementes transgênicas aumentando de 1,8 milhão de hectares em 2008 para 2,1 milhões de hectares em 2009 -- um incremento de 17% “atribuído principalmente a um aumento na área plantada com milho transgênico”. O relatório deixa de mencionar a quebra de produção de 80% sofrida por variedades transgênicas de milho da Monsanto na África do Sul em 2008/2009. Segundo a ONG African Center for Biosafety, da África do Sul, a informação do ISAAA sobre o país se baseia em dados do FoodNCropBio, uma empresa privada de consultoria sobre biotecnologia, que obtém seus dados de registros confidenciais de vendas de sementes e estimativas baseadas na “intenção de plantar”. Como o governo não realiza o levantamento do número de hectares plantados com sementes transgênicas no país -- e como os grãos transgênicos e não transgênicos não são armazenados separadamente -- é praticamente impossível se verificar os números.

Acima de tudo, o ISAAA observa um aumento de 9 milhões de hectares da área plantada globalmente com transgênicos entre 2008 e 2009 -- um aumento de 7%. Um olhar mais de perto sobre os números mostra que a esmagadora maioria deste aumento ocorreu em apenas um punhado de países. O Brasil sozinho responde pelo aumento de 5,6 milhões de hectares em 2008 -- 62% do aumento “global” total. Os três maiores produtores de transgênicos -- EUA, Argentina e Brasil -- contabilizam 82% (7.4 milhões de hectares) da área plantada com transgênicos. Dificilmente alguém poderia alegar um fervor global pelas lavouras transgênicas baseado nesses três países. (...)

Em uma brilhante estratégia de Relações Públicas, as indústrias químicas e de sementes conseguiram transformar propaganda em ciência através de organizações “sem fins lucrativos” como o ISAAA. A cobertura não crítica da mídia sobre o relatório anual “Situação Global” proporciona propaganda grátis para estas corporações e perpetua o mito da aceitação global aos transgênicos.

Talvez pior que isso, medir o “sucesso” das lavouras transgênicas com base no número de hectares plantados se apoia na falácia de que agricultores e consumidores fizeram uma escolha livre e informada sobre plantar e consumir produtos transgênicos. Na verdade -- como sugerem as batalhas em torno da rotulagem de alimentos transgênicos -- uma cidadania informada e empodeirada é o pior pesadelo da indústria de biotecnologia.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

SAF MERMÃO!


Floresta que produz renda

Sistemas agroflorestais permitem a convivência harmoniosa de culturas gerando ganhos ao pequeno produtor e garantindo a preservação ambiental




Quatro famílias do Litoral estão aplicando a produção agroflorestal que já é sucesso há 15 anos em Adrianópolis e Bocaiúva do Sul
Morretes - No início de maio, dois agricultores de Morretes, no Litoral do estado, abriram os portões de suas terras, dois lotes da Gleba Pantanal, um assentamento do Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra), de cerca de 2 alqueires cada um, para começar ali um sistema de plantio diferente do tradicional. Ao invés de reservar áreas específicas do terreno para cada espécie, como verduras e legumes, mandioca, banana e pés de limão e tangerina, por exemplo, todas estas plantas foram plantadas juntas, em distâncias e espaços cuidadosamente planejados, para que se desenvolvam de maneira harmoniosa, cada uma dentro do seu ciclo de vida.

A técnica tem nome. Chama-se Sistema Agroflorestal, também conhecido como SAF, uma forma de usar a terra de forma semelhante a uma floresta. Ou seja, no mesmo espaço, combina-se árvores frutíferas e madeireiras com cultivos agrícolas, ou até mesmo com a criação de animais, de forma simultânea ou em sequência temporal, e que vão interagir econômica e ecologicamente.

No Paraná, o sistema já está em uso há cerca de 15 anos na região do Vale da Ribeira, nos municípios de Adrianópolis e Bocaiúva do Sul, localizados ao norte de Curitiba. O sistema foi desenvolvido pela Cooperafloresta, que, apesar do nome, funciona como uma associação, envolvendo 110 famílias de agricultores familiares de Barra do Turvo, município paulista na divisa com o Paraná, de Adrianópolis e Bocaiúva do Sul.

No Litoral, quatro agricultores já implantaram o sistema, dois em Morretes e dois em Antonina. A idéia de levar o sistema para o Litoral partiu de técnicos da Embrapa Florestas, de Colombo (Região Metropolitana de Curitiba), e contou com apoio de outros órgãos como o Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), prefeituras, Universidade Federal do Paraná (UFPR), Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia (Seti), que viabilizou recursos, e da Cooperafloresta, que está ensinando a técnica aos agricultores. A atividade faz parte do Projeto Juçara, criado há um ano pela Seti e Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), com objetivo de preservar a palmeira juçara, típica da região. A juçara está em extinção vítima de corte ilegal para extração do palmito. A árvore, no entanto, também produz frutos, cuja polpa é muito semelhante ao açaí.

O engenheiro agrônomo Luís Cláudio Maranhão Froule, pesquisador da Embrapa, conta que a idéia surgiu a partir de algumas demandas na região. A primeira, em função de um levantamento feito pelo Conselho Regional de Desenvolvimento Rural, Pesqueiro e do Artesanato do Litoral Paranaense (Cordrap), que apontou dez espécies nativas em risco, entre elas a juçara e a caxeta (que produz uma madeira macia). A segunda, foi o fato do local estar próximo de uma Área de Preservação Ambiental (APA), o que acarreta em muitas restrições para exploração do local.

A primeira preocupação foi garantir que a população local continuasse produzindo juçara, ''mas sem caracterizar uma atividade ilícita'', ressalta Froule. Ele conta que a juçara produz o palmito em quatro anos, mas é preciso cortar a árvore para extraí-lo. Já o fruto aparece a partir de oito anos, mas tem caráter longíveo, ou seja, vai dar frutos todo ano por 30 anos ou mais. ''Quando pensamos em inserir a juçara em um sistema de produção, já se pensou em um sistema estratificado' ', explica. Isto porque a juçara é uma espécie que requer sombras e, portanto, não poderia ser plantada em sistema de monocultura.


Maigue Gueths
Equipe da Folha


22/05/2010
Colheita garantida sempre


O engenheiro florestal Artur Dalton Lima, da Cooperafloresta, foi chamado para ensinar os agricultores do Litoral. ''O sistema é baseado na dinâmica sucessional da floresta. Têm sementes de tudo que é tipo no solo, esperando uma oportunidade, umas precisam de frio, outras de calor, de seca, de água'', resume. Falando assim, parece um caos na terra, mas na verdade todo o plantio é rigorosamente planejado.

A experiência pode ser vista no terreno do agricultor Élcio Alves de Alencar, em Morretes. Ali, a área destinada ao SAF foi organizada em carreiras, onde foram plantadas cerca de 60 espécies, intercaladas e em distâncias pré-determinadas, entre árvores nativas e agrícolas, com destaque para a palmeira juçara, banana e mandioca.

No meio da carreiras, a cada dois metros foram plantados seis tipos de bananeiras, intercaladas por pés de mandioca, aipim e inhame. Entre eles, culturas anuais, como o feijão e vagem. Na beirada das carreiras, há pés de árvores frutíferas, como limão, tangerina, abacate, pitanga, araça, jabuticaba, entre outras, e várias verduras. A substituição das espécies de ciclo curto vai acontecendo a medida que as outras crescem e fazem sombra, exigindo outras culturas.

As árvores, por sua vez, são manejadas com a poda, o que vai ajudar na recuperação do solo, e abrir possibilidade para novas culturas. Segundo o engenheiro agrônomo Luís Cláudio Maranhão Froule, engenheiro agrônomo da Embrapa Floresta, após uns três anos, a produção estará bastante focada em cima da colheita de frutas. ''A idéia é manter este sistema no campo o maior tempo possível'', diz Froule, ressaltando que em 30 anos, por exemplo, o agricultor poderá também pegar a madeira cultivada.

Artur Lima explica que a adubação é natural. Na parte de solo mais pobre, ele cobre toda a terra com uma forração de capim. ''O capim é rico em carbono, as folhas fazem a terra ser mais porosa, a não ressecar. Ao contrário dos agrotóxicos que ficam na terra, infiltram e contaminam o lençol freático, esse sistema traz vida à terra, aumenta a fartura e a diversidade, assim como aconteceria em uma floresta'', diz o engenheiro florestal da Cooperafloresta.

Élcio Alencar e a esposa, que moram há quatro anos na área em Morretes, plantam e vendem cana-de-açúcar, juçara, banana e principalmente mandioca, maior fonte de renda do casal. Por mês ele vende aproximadamente 1.200 quilos de mandioca para restaurantes da região. Outras culturas, como feijão, arroz, milho são só para consumo próprio. Ele se diz confiante no novo sistema. ''Estamos experimentando, o que é rasteiro, a salsa e a cebolinha vão crescer rápido, mas o mais rentável vai demorar'', diz ele, que acredita que a espera vale a pena. ''Esse tipo de produção vai ajudar a fortalecer a terra e é melhor para a saúde das pessoas'', aposta o agricultor. (M.G.)



22/05/2010
Bom para o produtor e para o meio ambiente


As vantagens no uso do Sistema Agroflorestal para o cultivo em relação ao convencional, tanto econômica como ambientais são várias. Para os agricultores familiares, os SAFs são uma opção estratégica, em função da diversificação da produção, que vai garantir colheitas em diferentes épocas do ano e durante vários anos. É uma garantia de produção tanto para o mercado como para a subsistência, com menos riscos climáticos e de mercado. Ou seja, significa mais rentabilidade.

Outra vantagem é que a área pode ser usada permanentemente, minimizando as derrubadas e queima de novas áreas, o que aumenta as chances de fixação do homem no campo. O sistema também reduz a demanda de fertilizantes em razão da eficiente ciclagem e da adubação orgânica, resultando em melhoria das propriedades físicas e biológicas do solo e na preservação da biodiversidade. Outro aspecto que determina a sustentabilidade desses sistemas é a presença das árvores, que têm capacidade de capturar nutrientes de camadas mais profundas do solo.

No lote do agricultor Élcio Alves de Alencar, a Embrapa decidiu aproveitar para fazer uma pesquisa. Ao lado do plantio do sistema, foi isolada uma área de mesmo tamanho, chamada de ''área testemunha'' , onde não foi feito absolutamente nada, deixando-a para regeneração natural da floresta. A idéia é comparar como será a recuperação das duas áreas. E a expectativa é que a prática da indução de um sistema agroflorestal, com plantio de espécies florestais e agrícolas, apresente melhores resultados do que simplesmente abandonar a área para que ela se recupere sozinha.(M.G. )


22/05/2010
Sistema garantiu qualidade de vida no campo


No Vale da Ribeira, a experiência dos Sistemas Agroflorestais já é realidade há quase 15 anos, ou mais exatamente desde 1996, quando duas famílias de agricultores da região deram início à Cooperafloresta. De lá para cá, a cooperativa de agrofloresta cresceu e hoje reúne 110 famílias de agricultores e quilombolas de 19 bairros de Barra do Turvo, no lado paulista, e dos municípios paranaenses de Adrianópolis e Bocaiúva do Sul.

''Muito mais do que uma alternativa de produção e geração de renda que conserva o meio ambiente, muitos de nós encontramos uma razão e sentido para a vida'', cita o site da entidade. Ali, uma das regiões mais pobres e de menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Estado, mais do que uma alternativa de produção, o sistema resultou também em garantia de boa alimentação, com fartura e diversidade, para a população local.

Antes da agrofloresta, as famílias sobreviviam da produção de feijão cultivado em solos empobrecidos pelas queimadas e pela erosão. Cada produtor vendia sua colheita por conta própria, viajando de ônibus para cidades vizinhas. Para engrossar a renda, tinham que fazer bicos em outras áreas. Naquele tempo, a renda familiar não passava de 2 salários mínimos por ano.

Hoje, 180 hectares são cultivados pelo sistema de agrofloresta. Outros 360 hectares foram deixados para ação do processo natural de regeneração florestal, onde estão crescendo mais de 1 milhão de mudas de árvores e palmeiras nativas e exóticas. Na área de plantio, já foram plantadas uma das frutas mais caras do mundo, o mangustão, e diversas frutas amazônicas, além de verduras, bananeiras, jaca, mandioca, cana-de-açúcar, entre outros produtos.

A comercializaçã o, por sua vez, passou a ser feita coletivamente pela cooperativa. A maior parte (61%) vai para o Programa de Aquisição da Agricultura Familiar, que distribui os alimentos para escolas e creches, cerca de 26% são vendidos em Feiras Ecológicas de Curitiba, 6% vão para o Circuito de Comercializaçã o da Rede Ecovida de Agroecologia e 7% para o pequeno varejo.

Com isso, a renda das famílias aumentou de dois para 12 salários mínimos anuais. ''Melhorou demais. Antes eu só tinha uma lavoura, plantava milho. Ás vezes, limpava a terra, plantava e não dava nada. Agora nós plantamos menos, mais variado, e colhemos e ganhamos mais'', comemora o agricultor Urias Assis da Mota, de Barra do Turvo, há quatro anos no sistema agroflorestal.

Em sua terra de um alqueire, onde vive com a mulher e dois filhos, ele produz entre 25 a 30 caixas de produtos por semana, o que lhe garante um ganho de 1,5 a até dois salários mínimos por mês. ''A partir do momento que você começa a colher, não para mais. Eu estou sempre colhendo'', diz. (M.G.)


Fonte: Folha de Londrina - Folha Rural - 22.maio.2010

II Seminário Nacional de Ensino em Extensão Rural

Prezados Senhores



Com grande satisfação, gostaríamos de comunicar a todos que está confirmada a realização do II Seminário Nacional de Ensino em Extensão Rural (II SNEER), em Santa Maria (RS), no período de 15 a 17 de setembro de 2010. Este evento é uma promoção conjunta da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), em parceria com o Fórum dos Professores em Extensão Rural da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade Federal de Viçosa (UFV), Fundação Universidade Federal de Rondônia (UNIR) e Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

A programação que está sendo construída se dirige especialmente a professores da disciplina de Extensão Rural das Universidades Federais e Estaduais públicas, de Universidades Comunitárias e Regionais, e Institutos Tecnológicos e Escolas Técnicas de Nível Médio e Superior. Também estão sendo convidados professores de áreas e disciplinas afins que apresentam articulação com a disciplina Extensão Rural. Na medida do possível, pedimos a divulgação desta mensagem inicial aos demais professores ligados ao ensino da Extensão Rural, de modo que todos possam reservar em suas agendas a participação nesse II SNEER.

Oportunamente, divulgaremos a Primeira Convocatória, contemplando os eixos temáticos e dinâmica metodológica do evento. Enquanto isso, ficaremos a sua disposição através do endereço eletrônico ensino.extensaorura l2010@gmail. com


Atenciosamente,







Comissão Organizadora do

II Seminário Nacional de Ensino em Extensão Rural

por um brasil ecológico, livre de trangênicos e agrotóxicos

############ ######### ######
POR UM BRASIL ECOLÓGICO,
LIVRE DE TRANSGÊNICOS E AGROTÓXICOS
############ ######### ######

Depois da FAO e do IAASTD, UNCTAD recomenda transição para a agricultura ecológica

Número 492 - 02 de junho de 2010

Car@s Amig@s,

Em 2007 a FAO (órgão das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação) divulgou um relatório em que reforçou o potencial e a necessidade de a agricultura ecológica substituir a agricultura convencional. Para a FAO, o atual modelo agrícola é paradoxal: produz comida de sobra enquanto a fome atinge mais de 1 bilhão de pessoas, o uso de agroquímicos vem crescendo mas a produtividade das culturas não e o conhecimento sobre alimentação e nutrição está cada vez mais disponível e é acessado cada vez de forma mais rápida, porém um número crescente de pessoas sofre de má-nutrição (ver Boletim 366).

Em 2008 foi a vez do IAASTD (Avaliação Internacional sobre Ciência e Tecnologia Agrícola para o Desenvolvimento, na sigla em inglês) publicar um relatório enfatizando a necessidade de se ampliar as pesquisas agrícolas para as funções chave da agricultura, que incluem a proteção do solo, da água e da biodiversidade, bem como a necessidade de se aproveitar o conhecimento tradicional de milhões de pequenos agricultores dos países do Sul. O documento foi produzido ao longo de três anos por mais de 400 cientistas de todo o mundo, contando com a contribuição de governos de países ricos e em desenvolvimento, além do setor privado e da sociedade civil, e chegou a atestar claramente que a presente geração de lavouras transgênicas não fornece nenhum caminho para atacar a fome que assola milhões de pess oas em todo o mundo (ver Boletim 389). O Brasil é signatário do documento.

No início deste ano, seguindo a mesma tendência, foi a vez da UNCTAD (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento) publicar um documento apontando a urgência de os governos redirecionarem recursos para o crescimento econômico que seja economicamente eficiente, melhor para o meio ambiente, mais justo socialmente e mais promissor no longo prazo.

O documento chamado Trade and Environment Review 2009/2010 (TER 09/10) diz que as grandes crises que o mundo vem experimentando deveriam ser transformadas em oportunidades para mudanças econômicas e políticas radicais. Estas mudanças devem vir fundamentalmente de três áreas: eficiência energética, agricultura sustentável e energias renováveis para o desenvolvimento rural.

Para a agricultura sustentável a Unctad recomenda que governos encorajem o uso de várias formas de agricultura, incluindo a agricultura orgânica, a agricultura de baixo uso de insumos externos ou o manejo integrado de pragas que minimize o uso de agrotóxicos.

A agricultura sustentável é de “importância estratégica” para o crescimento e a redução da pobreza em muitos países em desenvolvimento. Além disso ela protege o meio ambiente e normalmente se adapta às condições dos agricultores familiares que são responsáveis pala maior parte da produção de alimentos nos países em desenvolvimento. De acordo com a pesquisa da Unctad, agricultores que se engajaram na produção orgânica certificada no leste da África foram significativamente mais lucrativos em comparação com grupos de agricultores engajados na produção convencional. Mais que isso, a conversão para os sistemas agroecológicos em muitos países africanos está associada a aumentos e não redução de produtividade. A agricultura sustent&aacu te;vel também proporciona melhores oportunidades para a mitigação e a adaptação às mudanças climáticas.

Segundo o relatório, a adoção de políticas nacionais e internacionais coerentes para encorajar o uso de métodos de produção mais sustentáveis poderia reduzir custos, desenvolver novos mercados e melhorar a renda e a segurança alimentar.

A Untad fez ainda 35 recomendações específicas para a superação dos obstáculos institucionais, econômicos e políticos à agricultura orgânica. Entre elas, o órgão propõe que a pesquisa pública e a extensão sejam redirecionadas para a “agricultura sustentável baseada nos ecossistemas” .

Com informações de:

- Third World Network Agriculture Info: UNCTAD Calls for Shift to Sustainable Agriculture, 21/04/2010.

- Nota à imprensa da Unctad, 08/02/2010.
Campanha Brasil Ecológico, Livre de Transgênicos e Agrotóxicos

Este Boletim é produzido pela AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia e é de livre reprodução e circulação, desde que citada a AS-PTA como fonte.
(referentes às 3 aneriores publicações)
Para os números anteriores do Boletim, clique em: http://www.aspta. org.br/por- um-brasil- livre-de- transgenicos/ boletim/

Participe! Indique este Boletim para um amigo e nos envie suas sugestões de notícias, eventos e fontes de informação.

Para receber semanalmente o Boletim, escreva para boletim@aspta. org.br

Acompanhe nosso blog: http://pratoslimpos .org.br

AS-PTA: Tel.: (21) 2253-8317 :: Fax (21) 2233 8363

Horta mandala produz mais, com menos gasto de energia

A alternativa agroecológica

Produção de horta em mandala em assentamento no Paraná

Um dos trabalhos apresentados aos 3 mil participantes da 9ª Jornada de Agroecologia [realizada em Francisco Beltrão - PR entre 19 e 22 de maio] foi o modelo de horta mandala. Com essa forma de cultivo, os assentados da reforma agrária podem produzir mais variedades de alimentos em áreas menores, gastando o mínimo de energia e preservando ao máximo os nutrientes do solo. A horta ocupa uma área de 2,3 mil metros quadrados no Assentamento Contestado, na Lapa (PR), distante 70 quilômetros de Curitiba. O assentamento é referência internacional por sediar a Escola Latino-Americana de Agroecologia (ELAA) e pelas experiências em agroecologia.

O agricultor Celson José Chagas, 37 anos, é um dos idealizadores do projeto, que atende 108 famílias. Ele explica que o sistema se constitui de um açude em formato de cone no centro da mandala e mais 11 anéis em torno do açude com seis corredores de acesso formando seis partes como um bolo fatiado, com 66 canteiros individuais. A água é distribuída por meio de mangueiras.

José Chagas explica que a mandala é uma forma de agricultura na qual a terra é explorada sem a destruição dos recursos naturais. A produção permite uma renda de R$ 250 semanais. "Vimos que é possível produzir alimentos de qualidade em pequenas áreas e de maneira diversificada. Na mandala produzimos vários tipos de verduras, frutas e ervas medicinais".

As arvores frutíferas têm a função de quebrar o vento, fazer sombreamento, abrigo para pássaros além de aproveitar a fertilidade do sistema. Na adubação são usados estercos curtidos, compostos orgânicos, cinzas, pó de rocha de basalto, fosforita e palhada com cobertura dos canteiros e corredores. O manejo é feito de forma manual, com um garfo para afrouxar o solo sem removê-lo.

No assentamento Contestado, cerca de 35% das famílias produzem de forma agroecológica e atualmente estão organizando cooperativas para compra, venda e industrializaçã o dos produtos orgânicos que, por enquanto, são vendidos para programas sociais mantidos pela Companhia Nacional do Abastecimento (CONAB).

Fonte: Agora Campo Grande, 20/05/2005.

Parlamentares argentinos questionam boicote a Andrés Carrasco

No Boletim 486 relatamos que o pesquisador argentino Andrés Carrasco tivera vetada sua conferência na Feira do Livro 2010 organizada pelo Conicet (Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Tecnológicas) . Poucos meses antes, Carrasco havia divulgado efeitos nocivos à saúde provocados pelo glifosato (princípio ativo do herbicida Roundup, da Monsanto, usado nas lavouras transgênicas Roundup Ready) através de pesquisas com anfíbios (ver Boletim 437).

Segundo noticia agora a imprensa do país, um grupo de parlamentares, na sua maioria de centro-esquerda, apresentou ao Conicet um duro pedido de informações buscando identificar possíveis vínculos e compromissos entre o Conicet e a Monsanto.

Para os parlamentares, há ao menos dois setores em conflito: “De um lado estão os prejudicados pela utilização do glifosato e, do outro, os atores econômicos que avançam no sentido de buscar maior produtividade e rentabilidade ao negócio da soja”. Para eles, “está demonstrado que a informação proporcionada pelos fabricantes do agrotóxico sobre a sua segurança é ao menos duvidosa, o que levou diferentes equipes de cientistas de vários países a pesquisar de forma independente sobre o tema”.

Monsanto altera planos globais para o glifosato




Um dia depois de a Câmara de Comércio Exterior (Camex) ter fixado um preço mínimo para o glifosato chinês entrar no Brasil, a Monsanto anunciou mudanças globais em sua estratégia para o produto. A multinacional decidiu reduzir seu portfólio de itens com a marca Roundup - herbicida à base de glifosato -, baixar os preços para patamares próximos aos genéricos e desenvolver novos produtos que tenham como base outras matérias-primas que não sejam o glifosato.



A concorrência com o glifosato produzido na China foi o principal motivo para a mudança da estratégia. "A competição com a China representa uma mudança estrutural no mercado e não é algo apenas passageiro. Por isso é importante reposicionar o Roundup, pois esse é um negócio importante para a empresa", disse Ricardo Madureira, diretor-geral de proteção de cultivos da Monsanto para América do Sul.

Com a mudança de estratégia, a expectativa é de que o lucro por ação da empresa caia para um valor entre US$ 2,40 e US$ 2,60 ante uma expectativa que era de US$ 3,10 para o ano-fiscal 2010.

Segundo Madureira, o Brasil é o segundo maior mercado da Monsanto para venda de seus herbicidas. Apesar disso, ainda não é possível estimar de quanto será a redução média do preço do glifosato produzido pela empresa, já que os valores estão sendo corrigidos desde meados de 2009. "Pretendemos aumentar o portfólio de produtos baratos para lidar com ervas daninhas e que não tenham como matéria-prima o glifosato", disse.

Fonte: Valor Econômico, 28/05/2010

Doença do trigo é usada para promover transgênicos

Em 26 de maio a BBC Brasil publicou uma alarmante reportagem dizendo que “Fungo letal ao trigo pode ameaçar produção mundial de alimentos”. As novas linhagens do fungo foram descobertas na África do Sul, onde “chegou a destruir 80% das colheitas em algumas temporadas”. Segundo a matéria, “teme-se que agora o fungo esteja migrando. Como ele pode viajar a grandes velocidades, cerca de 160 km por dia, cientistas dizem que pode ser difícil controlá-lo”.

A solução proposta quase em tom de ameaça é o uso de sementes transgênicas. Segundo um cientista citado, “Pesquisas mostram que a engenharia genética do trigo deverá ser aceita se o mundo quiser estar a frente dos fungos letais”.

O que nem a reportagem, nem o cientista mencionam é até hoje nenhuma empresa pública ou privada conseguiu desenvolver sementes transgênicas realmente resistentes a doenças. Só há duas modalidades de sementes transgênicas no mercado: uma feita para tolerar à aplicação de herbicidas (e com isso usar muito mais herbicidas), e outra que produz plantas que são tóxicas a insetos. Todas as outras maravilhas propaladas, como resistência à seca, às doenças fúngicas ou a solos salinos não passam de boas intenções. Ou de boa propaganda mesmo.

Brasil é destino de agrotóxicos banidos no exterior

Campeão mundial de uso de agrotóxicos, o Brasil se tornou nos últimos anos o principal destino de produtos banidos em outros países. Nas lavouras brasileiras são usados pelo menos dez produtos proscritos na União Europeia (UE), Estados Unidos e um deles até no Paraguai. A informação é da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com base em dados das Nações Unidas (ONU) e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.

Apesar de prevista na legislação, o governo não leva adiante com rapidez a reavaliação desses produtos, etapa indispensável para restringir o uso ou retirá-los do mercado. Desde que, em 2000, foi criado na Anvisa o sistema de avaliação, quatro substâncias foram banidas. Em 2008, nova lista de reavaliação foi feita, mas, por divergências no governo, pressões políticas e ações na Justiça, pouco se avançou.

Até agora, dos 14 produtos que deveriam ser submetidos à avaliação, só houve uma decisão: a cihexatina, empregada na citrocultura, será banida a partir de 2011. Até lá, seu uso é permitido só no Estado de São Paulo.

Enquanto as decisões são proteladas, o uso de agrotóxicos sob suspeita de afetar a saúde aumenta. Um exemplo é o endossulfam, associado a problemas endócrinos. Dados da Secretaria de Comércio Exterior mostram que o País importou 1,84 mil tonelada do produto em 2008. Ano passado, saltou para 2,37 mil t. “Estamos consumindo o lixo que outras nações rejeitam”, resume a coordenadora do Sistema Nacional de Informação Tóxico-Farmacoló gicas da Fundação Oswaldo Cruz, Rosany Bochner.

O coordenador- geral de Agrotóxicos e Afins do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Luís Rangel, admite que produtos banidos em outros países e candidatos à revisão no Brasil têm aumento anormal de consumo entre produtores daqui. Para tentar contê-lo, deve ser editada uma instrução normativa fixando teto para importação de agrotóxicos sob suspeita. O limite seria criado segundo a média de consumo dos últimos anos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Amplo uso de agrotóxicos em transgênicos leva ao surgimento de "superervas" resistentes e obrigam agricultores a retomar o arado (eheh)

DYERSBURG, Tennessee - Assim como o uso intensivo de antibióticos contribuiu para a ascensão de supergermes resistentes a medicamentos, o uso quase generalizado pelos agricultores americanos do herbicida Roundup levou ao rápido crescimento de novas e tenazes superervas.

O mato resistente ao Roundup também é encontrado em outros países, como Brasil, Austrália e China, segundo pesquisas.

Para combatê-lo, os agricultores são obrigados a borrifar os campos com herbicidas mais tóxicos, arrancar o mato manualmente e voltar a métodos mais trabalhosos, como a aração comum.

“Voltamos ao ponto em que estávamos 20 anos atrás”, disse Eddie Anderson, agricultor que vai arar cerca de um terço de seus 1.200 hectares de soja nesta estação, mais do que arou em muitos anos. “Estamos tentando descobrir o que funciona.”

Especialistas dizem que esses esforços poderão causar um aumento do preço dos alimentos, menor produtividade das colheitas, crescentes custos agrícolas e mais poluição da terra e da água. “É a maior ameaça isolada à produção agrícola que já vimos”, disse Andrew Wargo, presidente da Associação de Distritos de Conservação do Arkansas.

A primeira espécie resistente que representou ameaça séria à agricultura foi localizada em um campo de soja no Estado de Delaware em 2000. Desde então, o problema se disseminou, com dez espécies resistentes em pelo menos 22 Estados infestando principalmente campos de soja, algodão e milho.

As superervas podem diminuir o entusiasmo da agricultura americana por algumas colheitas geneticamente modificadas. A soja, o milho e o algodão que são manipulados para sobreviver ao borrifamento com Roundup tornaram-se padrão nos campos dos EUA. No entanto, se o Roundup não matar as ervas daninhas, os agricultores terão pouco incentivo para investir em sementes especiais. (...)

Fonte: Folha de S. Paulo, 31/05/2010 (do New York Times).

N.E.: O motivo pelo qual os agricultores estadunidenses não retomaram largamente o plantio com sementes não transgênicas é a falta delas no mercado. A Monsanto e um punhado de outras sementeiras dominam completamente o mercado no país e impõem aos agricultores o uso de sementes transgênicas. Aqui seguimos pelo mesmo caminho com a crescente concentração do mercado de sementes.

Como sempre dissemos, ao contrário do que anuncia a indústria, os transgênicos só aprofundam os problemas já existentes na chamada agricultura convencional: maior contaminação, maior dependência e menor rendimento para os agricultores.

“PRIMER CURSO INTERNACIONAL DE ECONOMÍA ECOLÓGICA” (si hablamos espanhõl....=} )

Días Miércoles 25 y Jueves 26 de Noviembre de 2009 Sede: Universidad Nacional de General Sarmiento - Buenos Aires
La Sociedad Internacional de Economía Ecológica (ISEE) es una organización científica global, cuyo objetivo básico es la promoción de la investigación y estudios sobre cuestiones vinculadas a la Economía Ecológica fundada en un encuentro internacional en Barcelona en 1987 y que actualmente incluye a alrededor de 1400 miembros en todo el mundo (http://www.ecoeco.org/).

En noviembre del 2000, un nutrido grupo de investigadores de la Argentina y el Uruguay, dieron nacimiento a la Asociación Argentina-Uruguaya de Economía Ecológica (ASAUEE) (https://www.ecoeco.org/about_regional.php) con el objeto de ampliar la base de conocimientos e investigaciones desarrolladas sobre la temática a nivel regional. En noviembre de 2001 se realizaron en la ciudad de Buenos Aires las Primeras Jornadas reuniendo a investigadores y profesionales, que debatieron en torno a: la equidad entre los individuos, las naciones y las generaciones futuras ; los "límites” físicos para el desarrollo y su identificación; modelos e indicadores; valuación y métodos; instrumentos de política ambiental y desarrollo. Las Segundas Jornadas se realizaron en la Universidad Nacional de Lujan en el año 2004, con singular éxito (http://www.gepama.com.ar/asauee) y las Terceras se han hecho en el año 2007 en la ciudad de San Miguel de Tucumán, bajo el lema “Economía, Ecología y Resolución de Conflictos Ecológicos Distributivos en el Cono Sur” con una respuesta y presentación de más de ciento cincuenta documentos, publicados luego en un libro de Abstracts, CDs y revistas especializadas como la Revista de la Red Iberoamericana de Economía Ecológica (http://www.redibec.org/ ).

Desde el 2003, ASAUEE ha sido parte importante en la formación de la Red Iberoamericana de Economía Ecológica (RIEE) que nuclea a las sociedades de las dos regiones referidas.

En esta oportunidad, este congreso de la Economía Ecológica, además de sus ya tradicionales presentaciones de ponencias en Talleres, Sesiones de Posters, Conferencias Plenarias y Mesas Redondas, se integrará con un Curso Internacional de 20 horas sobre Economía Ecológica, con la participación de los profesores más representativos de la disciplina de América y Europa.

Las Cuartas Jornadas se realizarán en las instalaciones de la Universidad Nacional de General Sarmiento (www.ungs.edu.ar) en Buenos Aires bajo el lema “Nuevos Escenarios Globales y Alternativas para un Desarrollo Local Sostenible. La Economía Ecológica como Oportunidad”.

La problemática actual desde los puntos de vista social, económico y ambiental ameritan un profundo trabajo y necesidad de investigaciones que permitan la evaluación de la situación presente, las tendencias futuras y en particular de las propuestas y alternativas que puedan encontrarse desde la perspectiva de la economía ecológica y sus disciplinas hermanas para colaborar con las sociedades en las que se insertan tanto sus investigadores como sus centros de desarrollo e investigación.

Los graves problemas vinculados al desarrollo urbano descontrolado, la contaminación ambiental, la degradación de la naturaleza, el deterioro de la base de recursos que se visualiza en los problemas de deforestación, expansión de la frontera agropecuaria, el avance de la desertificación y la erosión, cambio climático y sus impactos regionales en ciudades, el sector rural y los ecosistemas así como también los cambios de las nuevas demandas globales, los impactos de la crisis financiera, los cambios ecológicos recientes y el papel de estas tecnologías, el crecimiento económico, las relaciones norte sur, las cuestiones sociales y las transformaciones generadas, el consumismo extremo, las cuestiones de riqueza, pobreza y medio ambiente son algunos de los temas que seguramente serán tratados durante las Jornadas con la utilización de instrumentos, abordajes y metodologías dedicadas a cada caso, bajo esta visión integradora.

Estas Jornadas cuentan con el auspicio de las principales entidades globales vinculadas al desarrollo de la disciplina:

International Society for Ecological Economics, ISEE
Red Iberoamericana de Economía Ecológica, REDIBEE
Revista Iberoamericana de Economía Ecológica, REVIBEE

Multisitura brasileira, boicotada no Brasil para das espaço á NESTLE.... ={

Conheço a MULTIMISTURA. Interessante que a receita pode ser adaptada com
produtos de cada região.
Em países da África ela é associada com pasta de amendoim.*
*Lamentável que aqui no Brasil ela esteja sendo boicotada.*



*PIONEIRA Há mais de três décadas, Clara Brandão criou um composto
alimentar que revolucionou a nutrição infantil.*

*A cena foi comovente. *

*O vice-presidente José Alencar preparava-se para plantar uma árvore em
Brasília quando foi abordado por uma nissei de 65 anos e 1,60 m de altura. *

*Era manhã da quinta-feira, 6. A mulher começou a
mostrar fotografias de crianças esqueléticas, brasileiros com silhueta de
etíopes, mas que tinham sido recuperadas com uma farinha barata e acessível,
batizada de **"multimistura" . *

*Alencar marejou os olhos.** *

*Pobre na infância no interior de Minas, o vice não conseguiu soltar uma
palavra sequer. *

*Apenas deu um longo e apertado abraço naquela mulher, a pediatra Clara
Takaki Brandão. Foi ela quem criou a multimistura, composto de farelos de
arroz e trigo, folha de mandioca e sementes de abóbora e gergelim. *

* **Foi esta fórmula que, nas últimas três décadas, revolucionou o trabalho
da Pastoral da Criança, reduzindo as taxas de mortalidade infantil no País e
ajudando o Brasil a cumprir as Metas do Milênio. *

*E o que a pediatra foi pedir ao vice**-**presidente ? *

*Que não deixasse o governo tirar a multimistura da merenda das crianças. *

*Mais do que isso, ela pediu que o composto fosse adotado oficialmente pelo
governo. *



*Clara já tinha feito o mesmo pedido ao ministro da Saúde, José Gomes
Temporão - **mas ele optou pelos compostos das multinacionais, bem mais
caros.** *

*"O Temporão disse que não é obrigado a adotar a multimistura" ,** lamenta
Clara. *

*Há duas semanas a energia elétrica da sala de Clara dentro do prédio do
Ministério da Saúde foi cortada. Hoje, ela trabalha no escuro. *

*"Já me avisaram que agora eu estou clandestina dentro do governo", ironiza
a pediatra. *

*Mas ela nem sempre viveu na escuridão. *

*Prova disso é que, na semana passada, o governo comemorou a redução de 13%
nos óbitos de crianças entre os anos de 1999 e 2004 - período em que a
multimistura tinha se propagado para todo o País.**
Desde 1973, quando chegou à fórmula do composto, Clara já levou sua
multimistura para quase todos os municípios brasileiros, com a ajuda da
Pastoral da Criança, reduto do PT.*

* Os compostos da multimistura têm até 20 vezes mais ferro e vitaminas C e
B1 em relação à comida que se distribui nas merendas escolares de municípios
que optaram por comprar produtos industrializados. *



*Sem contar a economia. *

*"Fica até 121% mais caro dar o lanche de marca",* *compara Clara. *

*Quando ela começou a distribuir a multimistura em Santarém, no Pará, 70%
das crianças estavam subnutridas e os agricultores da região usavam o farelo
de arroz como adubo para as plantas e como comida para engordar porco. *

*Em 1984, o Unicef constatou aumento de 220% no padrão de crescimento dos
subnutridos. *

*Dessa época, Clara guarda o diário de Joice, uma garotinha de dois anos e
três meses que não sorria, não andava, não falava. *

*Com a multimistura, um mês depois Joice começou a sorrir e a bater palmas.*

*Hoje, a multimistura é adotada por 15 países. *

*No Brasil só se transformou em política pública em Tocantins.
Clara acredita que enfrenta adversários poderosos.*

*(alguém tem alguma dúvida ???) *

*Segundo ela, no governo, a multimistura começou a ser excluída da merenda
escolar para abrir espaço para o Mucilon, da Nestlé, e a farinha láctea,
cujo mercado é dividido entre a Nestlé e a Procter & Gamble *

*"É uma política genocida substituir a multimistura pela comida
industrializada" , ataca a pediatra.*

*A antiga Coordenadora Nacional da Pastoral da Criança, a saudosa Zilda
Arns, reconheceu que a multimistura foi importante para diminuir os índices
de desnutrição infantil. *

*"A multimistura ajudou muito",** diz. **
**"Mas só ela não é capaz de dizimar a anemia; também se deve dar
importância ao aleitamento materno." *

* **"ISTO É"** procurou as autoridades do Ministério da Saúde ao longo de
toda a semana, mas nenhuma delas quis se pronunciar. *

*"O multimistura é um programa que não existe mais", limitou-se a informar a
assessoria de imprensa. *

* **Site do multimistura - **
http://www.multimis tura.org. br/*

A saga dos núcleos de estudos.....saiba a quantas anda....

De Lisa para Baltasar

Seguindo a discussão que nos propusemos.. . do Núcleo de estudos
Balta, veja se tem como juntar..somar, agregar...tentar! ?
Aí vai , em anexo, a proposta que conversamos (e digitamos) no coletivo, recebi o texto do Biscoito e mexi um pouco...
Tem que ser discutido o orçamento (as bolsas e dim dim) e preencher o ANEXO III (Plano de trabalho simplificado), tendo como base as orientações da carta convite. (orçamento pra 6 meses) O ANEXO I (ofício de encaminhamento) e Cronograma de atividades e referencias bibliograficas. Ou seja... dia inteiro de trabalho! !!Divisão de tarefas!!
Está bem simples, porém, como já falei, acho mais importante mandarmos pra mostrar a cara da Agroeco Ufscar, do que não mandar!
Esse curso de permacultura pode ser tentado tambem num projeto de extensão tipo Pró-Ex, não sei bem. E o Ipema oferecerá um curso em Julho!

Brasil ééééééé campeão....em agrotóxicos....?! veja o que dizem aí a fora....

* ELPAIS.com >
* Internacional

8 de 10 en Internacional anterior siguiente
Brasil, principal destino de productos agrícolas tóxicos
Los agricultores brasileños utilizan 10 sustancias vetadas en otros países

JUAN ARIAS 31/05/2010

Vota
Resultado Sin interésPoco interesanteDe interésMuy interesanteImprescindible
137 votos
Imprimir Enviar

Brasil se está convirtiendo en un basurero para productos agrícolas tóxicos
prohibidos en Estados Unidos y Europa. La alarma la dio ayer Rosany Bocher,
coordinadora del Sistema Nacional de Información Tóxico-farmacológica de la
Fundación Oswaldo Cruz al periódico brasileño O Estado de São Paulo.
"Estamos consumiendo la basura que otras naciones rechazan", afirmó, y
recordó que el metamidofos, prohibido en la Unión Europea, China, India y
Paraguay, se sigue utilizando aquí. Brasil se ha convertido en el destino
principal de productos prohibidos en otros países. En este momento, los
agricultores brasileños utilizan 10 sustancias rechazadas por la Unión
Europea y Estados Unidos, según estudios realizados por la

Brasil
Brasil
A FONDO

Capital:
Brasilia.

Gobierno:
República Federal.

Población:
191,908,598 (2008)

La noticia en otros webs

* webs en español
* en otros idiomas

Agencia Nacional de Vigilancia Sanitaria (Anvisa), creada en 2002 para la
vigilancia del uso de productos tóxicos. Desde su fundación, Anvisa ha
conseguido que se prohibieran cuatro productos. En 2008, la agencia elaboró
una nueva lista de productos que deberían ser vetados, pero la burocracia e
intereses políticos y económicos han logrado que sustancias que no se
utilizan en otros países se sigan usando en Brasil.

Algunos de estos productos, como el metamidofos, el acetato y el endosulfán,
causan graves perjuicios a la salud. El endosulfán, un pesticida, daña el
sistema endocrinológico. Según datos del Ministerio de Comercio Exterior,
Brasil importó en 2008 al menos 1.840 toneladas de este producto, y el año
pasado, la cifra aumentó a 2.370 toneladas.

Además, las fábricas brasileñas de productos agrícolas tóxicos cometen
graves fallos en la aplicación de las reglas sanitarias, hasta el punto de
que seis de las siete industrias del ramo se han visto obligadas a parar su
producción tras las inspecciones sanitarias. Los productos que no han sido
prohibidos ocupan el cuarto lugar en intoxicaciones en el país. En 2008
fueron registrados 6.200 casos provocados por estas sustancias que, entre
otras enfermedades, causan problemas hepáticos, hormonales, neurológicos,
reproductivos y cáncer.

Reserva Legal e Área de Preservação Permanente - Visões e soluções

O debate sobre o Código Florestal está quente. Fique alerta... veja as
opiniões... avalie... posicione-se.


Prezados,

Agradeço pelas opiniões, sugestões e críticas que tenho recebido de todos os
que se manifestaram por meio do abaixo-assinado da ONG Greenpeace.

Muitas pessoas, em suas respostas, referiram-se aos temas Reserva Legal (RL)
e Área de Preservação Permanente (APP).

A Comissão Especial do Código Florestal ouviu 378 pessoas, entre
representantes de ONGs, universidades, órgãos ambientais e agricultores, em
18 Estados da federação. Do inventário de problemas, foram exatamente a RL e
a APP que se destacaram pela intensidade com que foram abordadas.

Como relator da Comissão, apresentarei nesta mensagem as visões e as
possíveis soluções em torno dos dois temas.

A RL é, coincidentemente, o instituto mais antigo do Direito Ambiental
brasileiro. Data de antes da Independência do Brasil, quando foi proposto
pelo patriarca José Bonifácio de Andrada e Silva. Trata-se da área da
propriedade rural que não pode ser utilizada para a agricultura ou pecuária,
devendo permanecer intocada.

Bonifácio propôs a RL como forma de dispor de madeira acessível para a
construção naval, civil e fonte de energia. Naquele período, as propriedades
chamadas sesmarias eram medidas em léguas, muito diferente da atual
estrutura fundiária do País. A RL também é ocorrência única no Direito
Ambiental, vez que não consta de nenhuma legislação europeia, nem da
norte-americana, o que dificulta qualquer tentativa de direito comparado.

A RL no Brasil foi definida no Código de 1965 na proporção de 20% para a
Mata Atlântica e para o Cerrado e 50% para a Amazônia. Depois, no caso da
Amazônia, a área de RL foi ampliada para 80%.

Acontece que, por políticas do próprio governo, essas áreas de RL nunca
foram respeitadas. Há casos de recusa de financiamento público para
proprietários que não ocuparam toda a sua propriedade. Na Amazônia Legal,
onde se misturam biomas diversos, áreas que tinham autorização para 20% de
RL de repente passaram para o regime de 80%.

Acrescente-se que, em alguns casos, a atividade econômica torna-se
absolutamente inviável em apenas 20% da área total adquirida pelo
proprietário, ou seja, para utilizar 200 hectares, são necessários 1 mil.

As alterações na legislação e a exigência da recuperação de áreas já
ocupadas em pequenas propriedades trouxeram consequências sociais de tal
gravidade que obrigaram o governo, por Decreto, a adiar a entrada em vigor
de alguns dispositivos legais.

Entre essas consequências, figuram o risco da reconcentração da propriedade
da terra pela inviabilização econômica dos pequenos e médios agricultores e
o risco de desnacionalização da terra no Brasil, uma vez que os custos
ambientais tornam-se insustentáveis para os agricultores locais mas viáveis
para investidores de outros países.

O Brasil possui 5,2 milhões de propriedades, das quais 3,8 milhões de até
quatro módulos fiscais, que são consideradas pequenas. As grandes respondem
por uma produção pautada principalmente para a exportação, e as médias
variam de acordo com cada região do País.

As propostas de solução para o impasse apresentam diferenças importantes.

O professor Sebastião Renato Valverde, da Universidade Federal de Viçosa,
simplesmente defende o fim da RL, o que não corresponde ao meu ponto de
vista. Estou disposto a manter a RL no meu relatório, adaptando-a à
realidade econômica e social do campo brasileiro. Creio, entretanto,
importante que vocês conheçam a opinião do professor da UFV (quem se
interessar, pode solicitar artigos do professor para meu gabinete).

Há ainda quem defenda que as pequenas propriedades sejam isentadas da
obrigação de RL, permanecendo apenas a exigência da APP para a proteção do
solo e dos recursos hídricos.

Outros advogam que a RL seja transferida da referência da propriedade para o
bioma e a bacia hidrográfica. Os rios de primeira geração (aqueles que
desaguam no oceano), seus afuentes (segunda geração) e o afluente do
afluente (terceira geração) teriam, além da APP, a RL anexa.

Os técnicos e cientistas que defendem essa posição o fazem a partir da
convicção que, próxima dos rios, as RL’s cumpririam a função de corredor
ecológico, sustentando a reprodução da fauna, mesmo na cadeia alimentar
necessária para os mamíferos superiores. Além disso, protegeriam a flora em
escala mais eficaz do que pequenas RL’s distribuídas por propriedades.

Outros afirmam que a unidade a ser protegida por RL deve ser o bioma, pouco
importando se 80% da Amazônia está preservada em propriedades, parques
nacionais, unidades de conservação, RL’s coletivas e assim por diante.

Como se vê, é possível encontrar soluções criativas e adequadas para
proteger a natureza e os produtores brasileiros de alimentos para o mercado
interno e para exportação.

A APP, como já disse na carta anterior, está voltada para defender a
fragilidade do solo e da água, embora seja insuficiente para alcançar esses
objetivos sozinha. Vi casos de represas cercadas de uma bela e verde APP,
mas cuja água recebe o esgoto de centenas de milhares de pessoas. Essa APP
não conseguiu proteger a água.

Pesquisadores da Embrapa questionam duramente a ideia da mata ciliar, aquela
que protege as margens dos rios, riachos e lagoas, ter o parâmetro único da
medida em metros. Eles opinam que a largura da APP deve considerar a
natureza do terreno da margem do rio e do solo que a constitui. Quanto maior
o declive do terreno, maior deve ser a mata ciliar, argumentam. Da mesma
forma, quanto mais frágil o solo (tipo arenoso), também maior deve ser a
proteção. Em sentido inverso, sustentam que em terreno plano e de solo
consistente (argiloso) a APP pode ser proporcionalmente reduzida. Aconselho
que as medidas para a mata ciliar derivem de estudos técnicos em boa parte
disponíveis, e não de uma proposta aleatória, sem referência na realidade.

Disponho da exposição do pesquisador Gustavo Ribas Cursio, que trata do
assunto e que vocês também podem solicitar.

Atenciosamente,

Aldo Rebelo

Obs.1: Aos que solicitaram informações sobre a ONG Greenpeace, segue abaixo
uma esclarecedora entrevista publicada na revista Veja.

Obs.2: O jornal Valor Econômico publicou uma entrevista comigo sobre Código
Florestal. Está em http://www.aldorebelo.com.br/?pagina=entrevistas