quinta-feira, 3 de junho de 2010

Amplo uso de agrotóxicos em transgênicos leva ao surgimento de "superervas" resistentes e obrigam agricultores a retomar o arado (eheh)

DYERSBURG, Tennessee - Assim como o uso intensivo de antibióticos contribuiu para a ascensão de supergermes resistentes a medicamentos, o uso quase generalizado pelos agricultores americanos do herbicida Roundup levou ao rápido crescimento de novas e tenazes superervas.

O mato resistente ao Roundup também é encontrado em outros países, como Brasil, Austrália e China, segundo pesquisas.

Para combatê-lo, os agricultores são obrigados a borrifar os campos com herbicidas mais tóxicos, arrancar o mato manualmente e voltar a métodos mais trabalhosos, como a aração comum.

“Voltamos ao ponto em que estávamos 20 anos atrás”, disse Eddie Anderson, agricultor que vai arar cerca de um terço de seus 1.200 hectares de soja nesta estação, mais do que arou em muitos anos. “Estamos tentando descobrir o que funciona.”

Especialistas dizem que esses esforços poderão causar um aumento do preço dos alimentos, menor produtividade das colheitas, crescentes custos agrícolas e mais poluição da terra e da água. “É a maior ameaça isolada à produção agrícola que já vimos”, disse Andrew Wargo, presidente da Associação de Distritos de Conservação do Arkansas.

A primeira espécie resistente que representou ameaça séria à agricultura foi localizada em um campo de soja no Estado de Delaware em 2000. Desde então, o problema se disseminou, com dez espécies resistentes em pelo menos 22 Estados infestando principalmente campos de soja, algodão e milho.

As superervas podem diminuir o entusiasmo da agricultura americana por algumas colheitas geneticamente modificadas. A soja, o milho e o algodão que são manipulados para sobreviver ao borrifamento com Roundup tornaram-se padrão nos campos dos EUA. No entanto, se o Roundup não matar as ervas daninhas, os agricultores terão pouco incentivo para investir em sementes especiais. (...)

Fonte: Folha de S. Paulo, 31/05/2010 (do New York Times).

N.E.: O motivo pelo qual os agricultores estadunidenses não retomaram largamente o plantio com sementes não transgênicas é a falta delas no mercado. A Monsanto e um punhado de outras sementeiras dominam completamente o mercado no país e impõem aos agricultores o uso de sementes transgênicas. Aqui seguimos pelo mesmo caminho com a crescente concentração do mercado de sementes.

Como sempre dissemos, ao contrário do que anuncia a indústria, os transgênicos só aprofundam os problemas já existentes na chamada agricultura convencional: maior contaminação, maior dependência e menor rendimento para os agricultores.

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